Sustentabilidade: estratégia da mineração baiana

Setor mineral está alinhado à agenda internacional sobre questões sacio-ambientais
O mundo inteiro está repercutindo o Relatório Planeta Vivo 2022 produzido pela organização não governamental WWF (World Wide Fund For Nature / Fundo Mundial para a Natureza), divulgado recentemente. O documento mostra que, em quatro décadas, houve uma queda média de 69% nas populações de animais selvagens em todo o mundo e entre os motivos estão as mudanças climáticas. “Embora os esforços de conservação estejam ajudando, é preciso agir com urgência se quisermos reverter a perda da natureza e adotar soluções integradas”, aponta o relatório. Nesse caminho, mineradoras que operam na Bahia incluem em suas estratégias de gestão sustentável: o consumo responsável de energia e água, reflorestamento, investimentos em programas de educação ambiental, hortas comunitárias, verticalização da cadeia produtiva, uso de resíduos na produção de insumos para agricultura, entre outras ações.

“O relatório divulgado pela WWF propõe uma reflexão que todos devem fazer sobre a sustentabilidade. A preservação do meio ambiente tem relação direta com a sobrevivência humana. É fundamental considerar o equilíbrio que deve existir entre o atendimento às necessidades das pessoas – que envolve emprego, geração de renda, desenvolvimento social, entre outros, e a utilização consciente dos recursos naturais, considerando o legado que será deixado para as próximas gerações. Nesse contexto, celebramos o fato de que as mineradoras estão cooperando com a ONU no que se refere à inclusão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) em seus planos de gestão, que abrangem a preservação ambiental, o enfrentamento às crises climáticas e o cuidado com as pessoas,” destaca Antonio Carlos Tramm, presidente da CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral)
Meio ambiente e o mercado financeiro

As questões citadas por Tramm são pautas permanentes nas agendas políticas e do mercado financeiro internacional. Neste mês, a mineração brasileira foi representada pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) no seminário “Nature Finance – The Next Wave”, realizado em Genebra, na Suíça. No encontro foram discutidas estratégias de gestão voltadas à inovação e aos alinhamentos das finanças globais aos resultados positivos e equitativos relacionados ao meio ambiente.

“Um dos protagonistas da economia brasileira, a mineração passa por uma ampla transformação em seus processos produtivos, em sua governança e em seu patamar de sustentabilidade. É um setor que promove todo um reforço das práticas de ESG (sigla em inglês para ações relacionadas ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança) para pavimentar o futuro dessa indústria. As empresas brasileiras buscam estar plenamente aderentes à corrente internacional que baliza investimentos e comportamentos corporativos mundo afora”, salienta Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM.
Segundo informações divulgadas pelo instituto, durante a permanência em Genebra, Raul Jungmann esteve com autoridades do setor econômico da Suíça e participou de painel com lideranças indígenas brasileiras sobre o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Em outra reunião, com diretores da Nature Finance e representantes da ONG Kanindé, o diretor-presidente do IBRAM aproveitou para tratar de ações que impeçam a comercialização de ouro oriundo de garimpo ilegal nas transações comerciais entre o Brasil e a Suíça.

“Essa abordagem do IBRAM é importantíssima. É necessário fechar as portas para o comércio de ouro ilegal para fora do país e aqui dentro também. O garimpo ilegal promove a degradação do meio ambiente, explora e gera risco à saúde das pessoas”, destaca Tramm.

Uso de resíduos da mineração amplia sustentabilidade

As inciativas do setor mineral direcionadas às questões ambientais também passam pela própria cadeia produtiva das empresas. A partir do investimento em pesquisas científicas, substâncias seriam descartadas passam a ter utilidade em outro processo produtivo. Assim, impactos ambientais são reduzidos e as empresas ainda podem ampliar a lucratividade com a comercialização de produtos com maior valor agregado. Resíduos ou subprodutos da mineração podem ser se destinados à indústria química, à construção civil e à agricultura – como fertilizante e corretivo de solo. Um exemplo é a utilização de pó de rocha como remineralizador de no solo, que ainda entra no combate à crise climática, devido ao percentual de captura de carbono. A CBPM, nos últimos anos, tem realizado debates em torno desse tema por causa das possibilidades de ampliação do desenvolvimento sustentável da Bahia, com aproveitamento das potencialidades referentes à diversidade mineral e ao campo da pesquisa que o estado possui.

“É muito importante para desmistificar o uso dos remineralizadores de solo como insumos estratégicos e sustentáveis para o agronegócio brasileiro. Divulgar o valor do manejo desses insumos naturais para o mercado é necessário para aquecer toda a cadeia com potencial para ser suprida com subprodutos de mineração”, destaca o engenheiro Vitor Almeida, da empresa baiana Mineração Civil / Vulcano, que produz o primeiro remineralizador do Norte-Nordeste (registrado no Ministério da Agricultura).

A expansão do aproveitamento de subprodutos da mineração na agricultura tem um impacto muito positivo, pois o Brasil ainda depende da importação de adubo mineral (composto por nitrogênio, fósforo e potássio), que é usado para garantir o crescimento saudável das plantas. O Brasil importa 85% dos fertilizantes que consome, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Durante a segunda edição do seminário virtual “Criação de solos saudáveis a partir de rejeitos e estéreis da mineração”, promovido pelo Ministério de Minas e Energia, na última segunda-feira, 17, Márcio Remédio, diretor do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), reforçou importância econômica do uso dos insumos oriundos da mineração.

“Estamos trazendo uma oportunidade de redução de custos e de aumento da competitividade do agronegócio brasileiro através do melhor aproveitamento das substâncias minerais”, disse o diretor.

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